O movimento conhecido como “Grande Resignação” provocou vários arrependimentos, diz pesquisa

Nos últimos meses, milhões de pessoas saíram de seus empregos nos EUA, mas, agora, parte delas está arrependida – e o pessimismo com a economia é o principal motivo.

Milhões de americanos decidiram pedir demissão voluntária durante a pandemia, um fenômeno tão singular que recebeu até nome próprio – a Grande Resignação ou a Grande Renúncia. 

Mas a lua de mel não durou tanto assim para parte dos resignados. Mais de um quarto dos que pediram demissão nos Estados Unidos naquele período agora afirmam que se arrependeram da decisão, segundo uma nova pesquisa.

Para 40% dos arrependidos, essa mudança de humor foi motivada pela percepção de que o mercado de trabalho americano está mais desafiador do que o esperado por eles e está difícil arrumar vagas satisfatórias – muitos saíram de seus empregos sem necessariamente ter uma outra opção na fila. E esse sentimento permanece mesmo que os dados oficiais mostrem que o mercado de trabalho anda aquecido por lá – só em maio foram 372 mil novas vagas criadas, acima do esperado.

Outras razões são a saudade dos colegas de trabalho na antiga empresa (citada por 22% dos arrependidos) e a decepção com o novo emprego, que não cumpriu as expectativas (17% do total dos entrevistados, o que corresponde a 42% dos que conseguiram um novo emprego depois da demissão). 

16% dos resignados também afirmam que, agora, têm a percepção de que o trabalho antigo não era tão ruim assim quanto parecia na época.

Os dados são da pesquisa trimestral da Joblist, plataforma americana de recrutamento e anúncio de vagas de emprego. Foram ouvidos mais de 15 mil americanos.

Há uma variação na taxa de arrependimento entre as áreas. Os profissionais de saúde, que passaram por um cenário excepcionalmente desafiador e desgastante durante a pandemia, são os que menos reconsideram a decisão tomada: só 14% dizem que foi um erro deixar o emprego anterior. 

A piora da economia americana ajuda a explicar o fenômeno. Com a recessão batendo às portas do maior PIB do mundo, o pessimismo toma conta, e mesmo aqueles que não acham que o mercado de trabalho está tão ruim agora esperam que ele piore nos próximos meses, segundo a pesquisa.

Os resultados confirmam a tendência mostrada por uma outra pesquisa, da empresa de dados Harris Poll, que mostrou que uma a cada cinco pessoas que se demitiram agora se arrependem da decisão, esse número for de 16,7 milhões. Uma combinação de fatores explica o movimento, sendo que o principal é a adoção em massa do regime à distância para o trabalho, o que permitiu que muitos fossem à

busca de oportunidades de emprego melhores, tanto no quesito salário como também em qualidade de vida.