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Como reagir a sete situações difíceis no trabalho

Como reagir a sete situações difíceis no trabalho

Você conhece a situação: uma interação com um colega, chefe ou cliente carregada de pressão, capaz de mudar o humor e de desviar os pensamentos, na qual o que você quer dizer fica preso no trânsito verbal entre o cérebro e a boca.

Sian Beilock, diretora da Barnard College e autora de Choke, descobriu que a “paralisia por análise” acontece quando o cérebro fica, de repente, sobrecarregado por preocupação ou pressão. Como resultado, você não consegue responder a desafios mentais, psicológicos ou emocionais e deixa de agir em um momento essencial.

Muitas pessoas passam por isso no trabalho. No entanto, há certas frases que você pode manter como cartas na manga e usar nesses momentos. Guie sua reação com elas e contorne a situação para recuperar o controle.

Situação #1: Alguém atribui a si mesmo mérito por uma ideia sua.
Katie é COO de uma empresa hoteleira. E tem um raciocínio estratégico afiado. Em um momento controverso, ela recomendou ao C-suite que seguisse uma estratégia de novos talentos. A ideia foi recebida com resistência. Até que Dave, chefe do departamento de TI, reformulou a ideia em suas próprias palavras. O C-suite apoiou a ideia “dele”.

Não é uma questão de se essa situação vai acontecer, e sim de quando: Você, de forma competente, mostra seu ponto de vista, que não é reconhecido ou é prontamente rejeitado. Minutos ou dias depois, um colega ou gestor, toma a sua ideia como sendo dele, que é repetida exatamente da mesma forma, e recebe elogios e mérito.

O que você deve dizer: “Obrigado por ressaltar meu ponto de vista.”

Por que funciona: Se dita com calma, essa frase:
•   Evita que você seja banalizado por chamar atenção à apropriação indevida da sua contribuição;
•   Permite que você recupere sua ideia sem difamação;
•   Proporciona-lhe mais poder na hora de tratar desse assunto com um gestor;
•   Possibilita a oportunidade de maior domínio sobre a ideia, se dita na presença de outras pessoas, ao dar mais detalhes e explicações que possam causar impacto.

Katie não pensou duas vezes. “Obrigada por ressaltar meu ponto de vista, Dave”. Há outros dois tópicos que valem a pena ser considerados também. Vou analisá-los e podemos discutir com mais detalhes na próxima reunião”. O foco do grupo voltou a ser Katie, que passou a ser a pessoa principal relacionada ao assunto.

Situação #2: Você tem um compromisso pessoal, está indo embora e pedem para que fique até mais tarde
Heather é médica em um hospital de grande porte em um centro urbano. Nas quartas-feiras às 16h ela participa de uma reunião administrativa que dura uma hora. Se Heather for embora do hospital às 17h, ela chega em casa a tempo de liberar a babá para buscar os próprios filhos na escola. Às 17h, Heather se levanta para ir embora. Um dos administradores do hospital pergunta se ela pode ficar mais alguns minutos até que terminem a reunião. Heather tem receio de dizer que precisa ir embora para liberar a babá, pois sabe que seus colegas podem considerar sua atitude como falta de ética de trabalho.

O que você deve dizer: “Com licença, tenho outro compromisso”.

Buscar o filho na creche, levar pai ou mãe para uma casa de repouso ou ir com um amigo querido a uma consulta médica sobre uma futura cirurgia são situações em que você tem que estar presente e dia e horário são importantes — principalmente quando alguém que você ama depende de você. Mesmo que a empresa declare ter um ambiente favorável à família, explicar a colegas que sua família é importante pode causar ressentimento.

Por que funciona: Essa frase diminui o risco de reações negativas porque:
•   É um pedido de privacidade implícito e respeitável;
•   Estabelece um limite de informações e deixa qualquer um que o ultrapasse com risco de parecer intruso;
•   Evita dar detalhes muito pessoais sobre o motivo de sua saída.

Enquanto pegava o laptop e a bolsa, Heather falou, “Com licença, tenho outro compromisso”. Outro médico perguntou, “Aonde você vai? Algum lugar divertido”? Caminhando em direção à porta, Heather pegou sua garrafa de água e disse, “É um compromisso que marquei muito antes desta reunião ser agendada. Passo aqui amanhã para pegar as informações que perdi”.

Situação #3: Em uma situação muito importante, um colega de confiança dá uma resposta ríspida
Manuel e Alvin administram seu site de casa. Manuel escreve o conteúdo. Alvin é responsável pelo design. Manuel tem consciência de que a função do Alvin muitas vezes exige longas horas de trabalho. Como forma de agradecimento, ele, com frequência, paga o almoço de Alvin, de vez em quando o presenteia com uma sessão de quiropraxia para tratar um problema crônico nas costas e, às vezes, surpreende-o com uma nova peça de roupa. Um dia Alvin procurou Manuel para contar que queria fazer uma grande mudança na carreira. Manuel não disse nada. Sentindo-se ignorado, Alvin repetiu seus planos e perguntou, “Você não tem nada a dizer sobre isso”? Manuel respondeu com desdém, “Sobre o quê”? Alvin se sentiu desrespeitado pela falta de interesse e de consideração de Manuel. Apesar de tudo que Manuel faz, Alvin, frequentemente, sente que não é tratado da forma que merece em comparação à atenção e receptividade que Manuel dá aos clientes. Quando Alvin toca no assunto, Manuel responde rispidamente, “Olha quanta coisa eu faço por você”!

O que você deve dizer: “Isso não tem nada a ver com o que você faz por mim. E sim com o que você fez para mim”.

Sabe quando um colega importante para você, alguém que sempre o tratou bem, estraga o relacionamento entre vocês? Você acaba se frustrando quando tenta conversar e a resposta é rispidez e a tentativa de fazer com que se sinta culpado. Apesar de as preocupações deles serem válidas, não significa que podem ser grosseiros.

Por que funciona: Se dita com serenidade, essa frase diminui rapidamente a frustração ao:
•   Limitar o escopo da conversa ao fato isolado, e não perder o foco tratando sobre o histórico de consideração mútua;
•   Lidar rapidamente com a dinâmica factual e causal da conversa;
•   Proporcionar a oportunidade de estabelecer um comportamento de incentivo mútuo daquele momento em diante.

Alvin respirou fundo. “Isso não tem nada a ver com o que você faz por mim. E sim com o que você fez para mim”. Ele reconheceu que Manuel valoriza o trabalho dele, e depois falou sobre a falta de atenção em relação ao assunto abordado. Manuel se desculpou, pois percebeu que magoou Alvin por não o tratar com consideração quando Alvin o procurou para conversar.

Situação #4: Você tem que dizer “não”
Sam envia a Julia uma mensagem de texto no sábado às 9h da noite com uma ideia que melhoraria o tempo médio de espera do atendimento do serviço ao consumidor da empresa. Os superiores de Julia pediram que ela trabalhasse mais em conjunto com Sam, mas ela tem evitado pois não confia nele.

O que você deve dizer: “Esse é um bom ponto de partida”.

É difícil dizer “não”, principalmente quando você quer mostrar que é esforçado e trabalha bem em grupo. Geralmente parece mais fácil dizer “sim” para satisfazer as outras pessoas, passar uma boa impressão ou finalizar logo uma tarefa.

Por que funciona: Se dita com tom de entusiasmo e flexibilidade, essa frase positiva permite se esquivar do pedido inicial, enquanto protege sua reputação ao:
•   Reformular a ideia como um ponto de partida;
•   Permitir que considere a ideia sem se comprometer com ela;
•   Criar a opção de modelar o pedido;
•   Tratar a questão com diplomacia em vez de rejeição.

Julia respondeu a Sam “Este é um bom ponto de partida! Vou pedir para minha equipe preparar os dados e entrar em contato com você com sugestões sobre o que podemos fazer em relação ao tempo de espera médio”.

Situação #5: Você tem que dar feedback negativo ou constrangedor a alguém próximo
Tony é comprador em uma fábrica de chocolates. Jay é seu chefe e amigo há dois anos. Atualmente, muitos funcionários têm pedido a Jay que converse com Tony sobre seu mau hálito. Esta situação se tornou intolerável para muitos, e até desagradável para os fornecedores.

O que você deve dizer: “Estou aqui para ser para você o que, um dia, alguém foi para mim”.

Mesmo que você se coloque em uma posição de amigo, ao passar feedback de um assunto delicado, a tendência é as pessoas ficarem na defensiva. Faz você questionar se vale a pena dar o feedback.

Por que funciona: Se dita com um tom de voz calmo e sincero, essa frase pode salvar uma carreira ou impedir que um momento decisivo da vida se torne um acontecimento devastador que causa distanciamento ao:
•   Preparar a pessoa para a conversa;
•   Começar contando uma história pessoal de quando recebeu feedback negativo, o que demonstra a importância de saber receber e ouvir críticas;
•   Uni-los por meio da vulnerabilidade que têm em comum;
•   Fazer com que entendam a conversa como preocupação e apoio em vez de insulto.

Jay foi até à mesa de Tony e falou que tinha que conversar com ele. “Tony, estou aqui para ser para você o que, um dia, alguém foi para mim”. Você deve ter percebido que eu me distancio quando conversamos. Eu, assim como os outros funcionários, notei em diversas ocasiões que seu hálito nem sempre é agradável. Pode ser apenas desidratação, mas me pergunto se não é algo que você deve verificar com um dentista ou médico”. E entregou a Tony um pacote de balas de menta. Apesar de estar um pouco envergonhado, Tony sorriu e o agradeceu. Jay apertou a mão de Tony e retornou à sua mesa.

Situação #6: Você precisa intervir para impedir uma decisão com a qual você não concorda
Mae-Li é sócia e chefe da equipe de pesquisa mais importante de uma empresa farmacêutica. Sua equipe é a única da empresa composta quase totalmente por chineses, em sua maioria mulheres. Quando o escritório estava passando por uma reforma, alguns membros da alta gerência decidiram quais grupos se mudariam para o subsolo, visto como menos atrativo. Sem pedir a opinião de Mae-Li, sua equipe foi a escolhida para mudar para o subsolo. Ela se sentiu menosprezada.

O que você deve dizer: “Eu prefiro isso”.

Às vezes, quando algo o incomoda, falar sobre o assunto pode deixá-lo apreensivo e em conflito. Passar o tempo analisando e revendo em detalhes a defesa do seu ponto de vista pode acabar complicando demais a situação.

Por que funciona: Vai permitir que você direcione a conversa para a mudança desejada, enquanto se mantém aberto a outras ideias ao:
•   Comunicar de forma clara o problema e o que você quer;
•   Argumentar em vez de dar ordens de forma insolente;
•   Demonstrar que está disposto a se envolver com um assunto potencialmente delicado;
•   Informar que o resultado é importante e que você acompanhará o desenrolar da situação.

Mae-Li procurou o chefe na sala dele. Ela explicou que, como não foi consultada pelo comitê de mudança antes de receber a ordem de se mudar, ela gostaria de compartilhar a perspectiva dela, esperando que ele a repassasse para o comitê. “Eu sei que algumas equipes terão que se mudar, mas não entendi por que a minha foi escolhida para ficar no subsolo. Eu quero que minha equipe permaneça neste andar. “Eu prefiro isso”. O chefe tomou notas, entendeu o ponto de vista de Mae-Li e avisou que iria apoiar a equipe dela.

Situação #7: Você precisa levar um assunto sério para níveis hierárquicos mais altos
Eva é engenheira no Vale do Silício. Em uma viagem a Nova York para participar de um evento da área, ao retornar ao hotel, encontrou o chefe no lobby. Ele disse que foi até lá para passar tempo com ela pois gosta dela. Quando a Eva comunicou o ocorrido a Abe do RH, a resposta foi que o chefe dela é um dos melhores gestores da empresa, que está lá há anos sem nenhum incidente e que ela, provavelmente, entendeu errado o que ele disse.

O que você deve dizer: “Sua resposta me dá motivos para levar essa questão para níveis hierárquicos superiores”.

Quando se trata de assuntos sérios como assédio sexual, ainda há inconsistência em como gestores e departamentos de RH lidam com as denúncias. Isso pode deixá-lo preocupado e com medo de ser tratado da mesma forma novamente, de perder oportunidades de ser promovido e até de perder o emprego.

Por que funciona: Essa frase séria, se dita com tom de voz calmo e firme, comunica ao ofensor e aos gestores que você não será cúmplice nem complacente com má conduta e que você irá encontrar um jeito de resolver a situação ao:
•   Deixar claro que a questão não será esquecida: ou escolhem eles próprios lidar agora com a situação ou, no futuro, terão que responder a outras pessoas;
•   Ser transparente sobre seus planos de encaminhar a questão a um superior;
•   Demonstrar que você espera que o ofensor sofra as consequências pela má conduta e que você não sofrerá consequências por reportá-la;
•   Assumir o controle da situação, em vez de ser desmoralizado no final.

A resposta de Abe não intimidou Eva. Ela escreveu o que ele disse em um caderno, palavra por palavra, e falou “Eu comuniquei o ocorrido a você”. “Sua resposta me dá motivos para levar essa questão para níveis hierárquicos superiores”. Abe ergueu as sobrancelhas e perguntou, “Você tem certeza de que vale à pena comprar a briga com seu chefe?” Novamente, Eva escreveu palavra por palavra em seu caderno. Ela respondeu, “Sim, tenho certeza”, e repetiu, “Sua resposta me dá motivos para levar essa questão para níveis hierárquicos superiores”. Ela agradeceu a Abe e se retirou da sala para escrever um e-mail para outro executivo da empresa com a intenção de procurar reparação.
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Alicia Bassuk é formadora de liderança e coach, palestrante, autora e fundadora da empresa de desenvolvimento de liderança Ubica. Alguns de seus clientes são atletas profissionais, executivos do C-level, autoridades nomeadas pelo presidente, empreendedores e outros líderes internacionais. Ela está escrevendo um livro sobre liderança para a Editora McGraw-Hill (2019): When No One is Looking Take the Lead: 16 Weeks to Perpetual Progress.
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Tradução: Tatiana El-Id Kanhouche

Fonte: Harvard Business Review

Os 6 ingredientes de uma pessoa carismática

Os 6 ingredientes de uma pessoa carismática

De imagem e poder, a persuasão e habilidade de conversa, saiba como aumentar o seu dom de se relacionar

Algumas pessoas têm carisma natural. Elas chegam aos lugares e as pessoas as parecebem de cara. Elas conseguem inspirar e passar confiança à equipe, parceiros e chefes. As pessoas as escutam.

A escritora de negócios Gwen Moren publicou recentemente um artigo na Fast Company sobre isso. “Todos têm uma definição diferente do que é carisma, mas pode ser interpretado tanto como a qualidade que fazem as pessoas fazerem o que você quer que elas façam, assim como pode ser o que faz as pessoas se perguntarem quem é a pessoa entrando na sala”, diz Gwen.

Mas carisma não é um dom secreto que nasce com você. Gwen, então, criou seis áreas chaves para serem trabalhadas e, assim, ajudar no seu magnetismo pessoal.

1 – Poder

Poder não está ligado ao cargo profissional. Poder é, na verdade, uma combinação de confiança, linguagem corporal, expressões faciais e voz.

“Isso é como as pessoas te percebem. Pessoas carismáticas nem sempre são aquelas com vozes doces e risadas boas. Elas possuem foco e são confortáveis consigo mesmas. Sabem como se portar em todas as situações e como usar suas vozes, seja para confortar, seja para liderar”, diz Gwen. “Uma dica para isso, é sempre ficar focado no que está fazendo agora durante uma conversa. Ao pensar no que vem depois, você pode se distrair e fazer linguagens corporais ou expressões que demonstrem isso”, completa.

2 – Persuasão

“Pessoas com magnetismo pessoal são capazes de atrair outros para sua maneira de pensar, e isso é extremamente importante para possuir carisma, pois nenhuma ideia, não importa o quão brilhante, chega a algum lugar caso não seja tomada por pessoas diferentes. É necessário ter entusiasmo sobre o que você está fazendo ou falando, demonstrando-se digno de confiança e bem informado sobre o assunto”, explica Gwen.

3 – Imagem

Segundo Gwen, “são necessários apenas algumas frações de segundo para pessoas formarem opinião sobre você, e, a partir do momento que ela é formada, é difícil mudar”. Um recente estudo da Universidade de Glasgow e da Universidade de Princeton descobriu que as pessoas percebem você em menos de um segundo.

“Então, preste atenção em como você se apresenta. Não é necessário andar de terno e gravata a todo instante, mas tenha certeza que como você está vestido e como você se porta reflete quem você é, o ambiente em que você está e aonde você quer chegar”, diz a escritora.

4 – Habilidades interpessoais

“Pessoas carismáticas são boas em ouvir e se comunicar com os outros, e isso vai bem além de só falar. É necessário entender e respeitar o espaço e o tempo dos outros. Eles não falam além do necessário com quem não gosta de ouvir muito e eles não se atrasam com quem não tolera atrasos. Ou seja, saber interagir sem deixar as pessoas desconfortáveis”, diz Gwen. “Conforto é a palavra chave para esse ponto. As pessoas irão procurar isso em seu olhar quando te encararem e querem ouvir isso no tom da sua voz”, completa.

5 – Adaptabilidade

A habilidade de tratar os outros da forma que eles querem ser tratados, não importa como você se sinta sobre isso, é adaptabilidade. Isto é, abraçar diversidade e todas as suas formas, entendendo que cada indivíduo é diferente. Quando o cenário muda, pessoas carismáticas fazem um esforço para entender e ajustar sua forma de se relacionar.

6 – Visão

“Pessoas carismáticas tem um plano ou mensagem sobre o que as entusiasma, e elas são capazes de passar essa visão e paixão para outros. Quais suas ideias? O que te anima? Para ser mais carismático, trabalhe em projetar esta crença e esse compromisso (e como vai beneficiar seu público) em como você fala e se relaciona com os outros”, explica Gwen.

Não importa o objetivo, mas seguindo todas essas dicas, será possível influenciar as pessoas a mudar de ideias e tomar ações baseadas em tudo o que você acredita.

Precisamos ressignificar a idade no trabalho

Precisamos ressignificar a idade no trabalho

Cada vez que se olhava no espelho, Charles Eugster não gostava do corpo que via. Decidiu fazer musculação e competir em provas de corrida de 100 metros. Virou recordista mundial em sua categoria e desenvolveu uma nova carreira como autor, palestrante e empregado em uma grande rede de academias. Segundo ele, a vaidade o resgatou. O que torna essa história surpreendente é que Charles tinha 87 anos de idade quando iniciou a nova carreira. Em um recente artigo, ele deixou uma importante mensagem: “A sociedade pôs data de validade em nós… ela precisa fazer mais para engajar pessoas com minha idade e não perder nossos talentos e conhecimentos.”
Charles tem razão. De acordo com estudo recente da Information Technology and Innovation Foundation, mais de 20% das invenções patenteadas em segmentos de alta tecnologia foram criadas por pessoas com mais de 56 anos, número similar às patentes registradas por aqueles com menos de 35 anos, mostrando que é falsa a associação (reforçada pelo sucesso de uma exceção de jovens empreendedores em tecnologia) de que jovens tendem a ser mais inovadores.
Pesquisas também mostram que habilidades essenciais no trabalho, como produtividade, capacidade de aprendizado e de lidar com mudança, se apresentam similares ou melhores naqueles com mais idade, na comparação com jovens. Isso vai contra os estereótipos que geram preconceitos em relação a reter e contratar pessoas desse grupo.
Quando se pensa que as populações das principais economias do mundo estão envelhecendo (e vivendo mais) a importância de se ressignificar a idade implica em outros componentes, principalmente econômicos. Mais idade requer mais recursos financeiros para cobrir gastos futuros. A maioria dos sistemas públicos de aposentadoria não são sustentáveis e já impactam ou impactarão na saúde de muitas economias.
Nos EUA, um em cada três americanos não possui reservas para a aposentadoria. Essa é a versão apocalíptica da necessidade de se trabalhar por mais tempo. A outra é que trabalhar por mais tempo significa aumentar recursos que serão gastos com consumo ou que, quando economizados, viram investimentos.
Estudos mostram que trilhões de dólares podem ser adicionados ao PIB global caso se estenda a vida profissional.

Muitos negam esse efeito através do já desmascarado mito de que manter pessoas com mais idade reduz a contratação de jovens e consequentemente limita o crescimento econômico. O que se tem provado é que o valor agregado de carreiras mais longas, para a economia, beneficia inclusive o salários dos mais jovens. Ou seja, prolongar carreiras pode ser uma excelente medida econômica para garantir crescimento.
Muitas pesquisas mostram o efeito negativo da aposentadoria no bem­estar e na saúde do aposentado. Após um primeiro estágio animador (um a dois anos), eles apresentam mais problemas físicos com atividades diárias, ficam mais doentes, têm mais problemas mentais e depressão do que aqueles que continuam trabalhando, mesmo que em período parcial. Ou seja, continuar trabalhando reduz ou adia problemas de saúde e reduz o uso de serviços de saúde (área também estrangulada com o envelhecimento da população).
Para aproveitar esse potencial é preciso mudar políticas públicas e práticas empresariais que não refletem o contexto atual e que estão presas a um mundo que não existe mais. No Brasil, pesquisas recentes mostram que o preconceito em empresas privadas se inicia já para profissionais com 40 anos, o que pode desperdiçar um conjunto enorme de talentos e junto com ele todo o potencial econômico, social e humano que eles representam. A reforma da previdência tem sido o eixo de discussão da idade no trabalho, mas é carregada de negatividade, como a perda de direitos sociais, e acaba não ajudando na verdadeira discussão que pode existir em relação ao tema.
A transformação não é apenas de fora, mas deve acontecer na forma como as pessoas lidam com o próprio envelhecimento. Ainda temos sociedades que vislumbram a aposentadoria como o início do período para curtir a vida. Charles Eugster, nosso atleta, comenta em seu artigo que “as pessoas mais velhas precisam fazer mais para se reinventar também”.
Charles faleceu no último dia 27 de abril à beira de completar 98 anos de idade. Sua mensagem é poderosa: “É hora de iniciarmos uma revolução que não é anti­envelhecimento, mas pró­ envelhecimento”. As transformações sociais e pessoais necessárias são enormes, mas os benefícios são ainda maiores.

A GOL quer atrair (e contratar) profissionais com mais de 50 anos

A GOL quer atrair (e contratar) profissionais com mais de 50 anos

Diretor de RH da GOL explica por que a empresa quer estimular contratação de profissionais mais experientes e diz qual é o perfil procurado

Quem tem mais de 50 anos e está procurando emprego sabe que o mercado de trabalho, muitas vezes, pode ser cruel com os mais experientes.

“Há preconceito e, normalmente, essas pessoas já ficam descrentes e pensam que não vão encontrar oportunidades”, diz Jean Carlo Nogueira, diretor de RH da GOL Linhas Aéreas, que acaba de lançar uma campanha especial para atrair os profissionais mais velhos para a companhia.

Chamada de Experiência na Bagagem a iniciativa é parte do programa de inclusão da empresa – o GOL Para Todos – e surgiu depois que a liderança da empresa percebeu que seus profissionais mais experientes, na casa dos 50, 60 e 70 anos, tinham comprometimento, dedicação e engajamento muito acima da média.

“Essas são características muito importantes para a organização”, diz Nogueira. A ideia, então, foi a de incentivar profissionais com mais de 50 anos que estejam fora do mercado a cadastrar currículo e participar dos processos seletivos. O objetivo é, como diz o executivo, que haja mais “equilíbrio entre a jovialidade e a maturidade”, na companhia aérea.

Vagas no Brasil inteiro

Não há uma meta definida de atração, mas Nogueira garante que haverá muitas oportunidades, já que a empresa tem, ao todo, 15 mil funcionários. Segundo ele, a média de vagas com que a área de recursos humanos da GOL trabalha, ao todo, é entre 50 e 60 por mês

Os interessados já podem fazer o cadastro tanto pelo site da Gol quanto diretamente pelo Vagas.com. Nesse primeiro momento o programa tem foco em recrutar pessoas para a área de atendimento ao cliente. Atendimento de excelência: Veja na Hekima como Big Data ajuda a conhecer e a mapear o seu público Patrocinado 

Empatia, boa capacidade de comunicação, flexibilidade, sensibilidade para identificar e lidar com diferentes tipos de público, gostar de se relacionar e servir pessoas, habilidade de solucionar problemas e trabalho em equipe são características do perfil procurado.

“Mas as vagas não estão limitadas ao atendimento”, diz o diretor de RH da GOL. Profissionais de todas as áreas podem se inscrever, de acordo com ele. Falar inglês é um diferencial importante, mas não é um requisito obrigatório, assim como formação superior. A exigência da empresa, segundo ele, é pelo diploma de Ensino Médio.

Dependendo da vaga, a jornada de trabalho pode ser flexível, segundo o executivo. “Temos vagas que são para trabalhar 4 horas, 6 horas, por exemplo”, diz.Nogueira também destaca que mais mil funcionários do call center da Gol trabalham de casa.

Os processos seletivos, em geral, contam com testes, seleção, dinâmica de grupo e entrevista com o RH e gestores.