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Ao começar em um novo emprego, preste atenção a estes cinco aspectos da cultura empresarial

Ao começar em um novo emprego, preste atenção a estes cinco aspectos da cultura empresarial

Cultura Empresarial

Ao entrar em uma empresa, você tem pouco tempo para se adaptar à sua cultura. É a antiga regra dos 90 dias. E conhecemos muitas pessoas talentosas que tropeçaram porque não possuíam bola de cristal para entender as regras culturais da nova empresa. Isso acontece porque a maioria das empresas não explica as regras culturais aos recém-chegados e os novos contratados estão tão concentrados no trabalho e no novo chefe que ignoram a influência profunda dessas regras. No entanto, compreendê-las desempenha um grande papel no seu sucesso inicial. Estar ciente não apenas do que seus colegas fazem, mas de como eles trabalham conta muito se você quiser ser eficaz e causar uma boa impressão.

Em nosso estudo, notamos cinco aspectos da cultura empresarial que requerem sua atenção. São estes os que têm o maior impacto na sua capacidade de ser bem-sucedido em um novo trabalho:

Relacionamentos

As empresas diferem na forma de cultivar relacionamentos, no valor que dão à colaboração e na quantidade de contato pessoal necessária para realizar o trabalho e tomar decisões importantes. Em algumas empresas, a única maneira de influenciar os outros é passar tempo com eles pessoalmente. Em outras, o e-mail, as mensagens de texto e a videoconferência são preferidos às reuniões presenciais. Ao entrar em uma nova empresa, pergunte aos colaboradores como você deve se relacionar com as pessoas. Por exemplo, você precisa passar tempo desenvolvendo um relacionamento com alguém antes de pedir sua ajuda ou contribuição para um projeto? Ou é possível fazer uma lista de pessoas para simplesmente enviar um e-mail pedindo ajuda ao precisar delas?

Observe onde e como seus colegas trabalham e tomam decisões. Passam muito tempo em reuniões ou costumam estar em suas mesas ou trabalhando em casa? As pessoas são amigáveis e estão dispostas a se encontrar com você? Ou elas parecem simpáticas, mas repetidamente cancelam reuniões? Você pode precisar de outras pessoas para ajudá-lo a fazer os contatos necessários.

Comunicações

Quando você inicia um novo emprego, observe como as pessoas costumam se comunicar. É por meio de canais formais, como reuniões sempre agendadas com antecedência e para as quais todos vêm bem preparados? Ou as pessoas se comunicam espontaneamente com pouca ou nenhuma documentação? (Talvez o seu gerente costume dar uma passada e dizer: “Você pode participar desta reunião agora?”.) Você deve começar perguntando ao seu chefe quais são as expectativas dele. Assistentes pessoais e seus colegas de equipe são outras boas fontes de informação.

A hierarquia geralmente determina quando e onde é aceitável se comunicar com os colegas com um cargo acima do seu. Por exemplo, em ambientes mais hierárquicos, você pode ter que informar de antemão ao seu chefe qualquer comunicação que você tenha que fazer a alguém em um cargo superior. Em organizações menos hierárquicas, as pessoas podem ser estimuladas a enviar e-mails a líderes de cargos mais elevados para conversar com eles. A melhor maneira de descobrir essas regras é perguntar aos outros. Seus colegas e subordinados diretos podem ser uma boa opção para informá-lo sobre como proceder com seu gerente e com outros em cargos mais elevados. Pergunte sobre iniciativas recentes bem-sucedidas e como os colegas influenciaram os líderes de cargos mais elevados em suas comunicações.

Também é válido observar como as informações costumam ser apresentadas. Por exemplo, as reuniões se dão por apresentações formais ou cada um pode compartilhar informalmente problemas, debater tópicos e participar de brainstorming em tempo real sem ser julgado? Algumas empresas e departamentos preferem apresentações de 50 páginas com uma infinidade de detalhes e análises, ao passo que outras preferem trabalhar a partir de uma simples programação enviada por e-mail com uma lista de tópicos em bullet points. Preste atenção a como a informação é geralmente preparada para as reuniões, até que ponto as questões são debatidas versus “ticadas” e com que cerimônia as pessoas se comportam diante de outras em posições de poder. Observe como os líderes em posições elevadas na sala respondem a plataformas formais e recomendações fortes, em vez de discussões informais. Qual estilo resulta efetivamente em uma decisão na reunião?

Tomada de decisão

A forma pela qual as empresas tomam decisões também varia significativamente. Algumas tomam decisões em tempo real em reuniões formais, enquanto outras tendem a concluir as decisões fora do escritório. Mesmo que reuniões formais sejam a norma, você pode dar-se conta de que as decisões reais acontecem na área do café, no corredor ou durante o almoço. Observe se as decisões tomadas nas reuniões são levadas a cabo. Se você vir pessoas concordando com algum conjunto de ações em uma reunião e perceber que coisas diferentes acontecem depois, isso sugere que há fortes mecanismos informais de tomada de decisão a serem desvendados. Por exemplo, a decisão de investir em um novo produto pode acabar nas mãos de duas pessoas essenciais, mesmo com uma equipe de liderança de alto escalão inteira analisando a decisão. É uma boa ideia se encontrar com esses dois líderes principais bem antes de qualquer reunião formal e convencê-los do seu ponto de vista. Ou talvez todos os presentes pareçam concordar em investir nesse produto, mas você perceba que vários indivíduos optaram por não expressar suas divergências em público por razões políticas. Você precisará voltar e influenciar cada um deles para garantir que eles não atrapalhem seu projeto.

Outro aspecto da tomada de decisão a ser compreendido é se a cultura de sua empresa tem um viés de ação ou um viés de análise e consenso. Em empresas onde o viés é de ação, tempo e capacidade de concentração costumam ser limitados e as decisões são tomadas rapidamente. Se for exigir uma iniciativa, precisa apresentar sua posição com clareza e fornecer aos principais interessados as informações necessárias para a tomada de decisão. Outras culturas empresariais preferem uma discussão mais prolongada de opções, modelos e estratégias. É necessário ter mais paciência, principalmente porque esse viés de consenso geralmente significa enviar mais materiais e análises de apoio e refazer a mesma apresentação várias vezes antes de chegar a uma decisão final. A pergunta que cabe aqui é: qual é o seu próprio viés de ação e como ele se encaixa em sua nova cultura?

Perspectivas individuais versus coletivas

Algumas empresas abordam o trabalho em grande parte como produto de indivíduos, enquanto outras acreditam que é o produto de uma orientação colaborativa. Se uma empresa é muito individualista em sua abordagem, geralmente apoiará uma “mentalidade de herói” que valoriza o indivíduo ambicioso. As recompensas geralmente se baseiam no indivíduo e a gestão do desempenho costuma ser baseada em avaliações individuais, em que a contribuição específica de todos é justificada para os colegas.

As empresas focadas no grupo fornecem algo mais próximo a uma rede de segurança na qual os riscos e recompensas são divididos, mas pode ser mais difícil destacar-se como indivíduo e diferenciar-se. Essas empresas costumam ser mais horizontais e mais focadas em objetivos e resultados em comum. Se você é altamente ambicioso e preza o reconhecimento individual, pode não conseguir o que necessita tão rapidamente em termos de progressão na carreira. Uma sugestão é atentar-se à forma pela qual as pessoas discutem seu trabalho nas reuniões. Se costumam falar sobre as realizações do grupo e você usa o “eu” em suas apresentações, você será rapidamente tachado como alguém que não sabe trabalhar em equipe. Mais uma vez, o importante é identificar como os indivíduos são reconhecidos e recompensados.

Agentes de mudança

Outro fator cultural que pode ter um profundo impacto no seu status e influência é a orientação da cultura para a mudança. A maioria dos lugares é resistente a pessoas de fora empenhadas em mudanças. Geralmente, porém, os líderes altamente talentosos vindos de fora são instruídos para “agitar as coisas”, para desafiar o status quo. Infelizmente, o que acontece com muitos desses indivíduos é que eles fracassam. Seja por terem interpretado mal os sinais culturais de quão disruptivos realmente deveriam ser (versus o que lhes foi dito) ou por não terem criado as relações de suporte necessárias para apoiá-los em decisões-chave – ou ambos. Por não terem recebido os conselhos de integração adequados, se houve algum, eles subestimam os limites culturais dentro dos quais têm que trabalhar. Portanto, o obstáculo para qualquer líder novato é descobrir o que pode desafiar e quando, dentro daquela cultura.

Rapidez e apoio também são fatores críticos. É preciso perguntar: posso ser um defensor da mudança altamente assertivo e célere, ou preciso investir primeiro no engajamento, no diálogo e na construção de consenso? Ninguém vai responder a estas perguntas para você – é você que precisa descobrir observando as reações às suas recomendações iniciais. Comece com algumas pessoas de confiança para testar suas ideias. Pergunte a eles como os outros podem reagir, antes de lançar sua grande ideia em um ambiente formal com líderes de cargos mais elevados. Saiba quais líderes o apoiam antes de propor grandes mudanças.

O principal, ao entrar em uma nova empresa, é ter em mente que suas conquistas anteriores não lhe permitem agir fora das normas da cultura em que você está agora inserido. A maioria das empresas o contratará por suas experiências anteriores, mas seu sucesso futuro será determinado pelo impacto que você tiver em seu novo ambiente e, dependendo de como você entende e trabalha adequadamente dentro de sua nova cultura, seu impacto pode ser amplificado ou inviabilizado.

Por que pessoas tóxicas são promovidas?

Por que pessoas tóxicas são promovidas?

Pelo mesmo motivo que as humildes: habilidade política

Às vezes, as pessoas erradas são promovidas. Podem ser desonestas e manipuladoras inescrupulosas (o que psicólogos chamam de “maquiavélicas”), impulsivas e caçadoras de aventura sem qualquer noção de culpa (psicopatas) ou egoístas preocupadas consigo mesmas, com mania de grandeza, convicção infundada de seu direito a tudo e sentimento de superioridade (narcisistas). Funcionários com um ou mais desses traços de personalidade, conhecidos como a “tríade negra”, são mais propensos a trapacear, a ter um comportamento fraudulento ou aproveitador no ambiente de trabalho e a tomar decisões antiéticas. Essa conduta pode ser frustrante para pessoas honestas e humildes que observam esses funcionários levarem vantagem. Por que, dada a sua toxicidade, eles progridem na carreira? Como conseguem ter sucesso?

Em uma pesquisa recente publicada na Personality and Individual Differences, analisei a influência da habilidade política entre os funcionários. Habilidade política é definida como uma competência social positiva que ajuda as pessoas a fazer contatos, influenciar outras, demonstrar traquejo social e ser sinceras nos seus relacionamentos.

Entrevistei em Singapura 110 funcionários de diversas empresas e cargos, perguntando como enxergavam sua habilidade política no ambiente de trabalho. Também determinei sua pontuação no fator-H de personalidade. As pontuações altas no fator-H indicam honestidade-humildade. As baixas são praticamente idênticas ao núcleo comum da tríade negra. Finalmente, entrevistei também os chefes desses funcionários.

Percebi que os funcionários tóxicos que eram classificados com alta taxa de habilidade política por seus supervisores eram mais propensos a ter uma avaliação de desempenho alta. Em outras palavras, embora nem todas as pessoas tóxicas possuam habilidade política, na opinião de seus chefes, as pessoas tóxicas que usam habilidade política com eficácia são vistas como melhores funcionários. E como todos sabemos, aqueles que são vistos como os melhores funcionários têm maiores oportunidades de serem promovidos.

Há alguma maneira de evitar essa ascensão? Psicólogos organizacionais especializados em avaliação de personalidade e comportamento podem contribuir para a identificação precoce de personalidades tóxicas, mas se o funcionário possuir habilidade política, essa tarefa pode se tornar difícil. Chefes também contam com a possibilidade de conversar com os colegas e subordinados do funcionário antes de promovê-lo, pois funcionários tóxicos podem ter comportamentos diferentes perante seus colegas e subordinados e diante dos chefes que têm o poder de decisão.

Mas também vale lembrar que, às vezes, esses tipos de personalidades difíceis podem ser úteis para uma organização. Imagine que você precise de uma pessoa tipo “James Bond” para uma tarefa árdua, que precisa ser executada de forma corajosa, lógica e fria. Por exemplo, uma empresa em reestruturação pode precisar cortar gastos se tiver alguma esperança de sobreviver. É verdade que a necessidade de demitir funcionários pode criar uma carga emocional pesada para a maioria dos gestores, mas para um gestor com pouca empatia esse processo é muito menos traumático. Ou talvez você tenha a absoluta necessidade de um especialista técnico, mesmo que ele seja um pouco narcisista. Bons gestores descobrem como posicionar esses tipos de pessoas ao mesmo tempo em que limitam os males que causam a outros funcionários.

E quanto às pessoas honestas e humildes — elas sempre perderão para essas personalidades sombrias? Não necessariamente. A questão é que algumas pessoas tóxicas são capazes de usar sua habilidade política para os próprios objetivos e são bem-sucedidas nisso. Em minha pesquisa, descobri que, uma vez controlada a habilidade política, não havia diferença na média das avaliações de desempenho entre os funcionários tóxicos e os honestos e humildes. E quando se tratava de uma tarefa como trabalho em equipe, esses últimos recebiam avaliações mais altas do que seus pares tóxicos (de novo, controlei a habilidade política). Esses dados ajudam a explicar por que há muitas pessoas não tóxicas que sobem na carreira.

Se você é uma dessas pessoas honestas e humildes que se sentem excluídas, esta pesquisa sugere que você pode concorrer à mesma promoção se adquirir habilidade política. Faça contato com diversos grupos de pessoas-chave dentro e fora da organização. Demonstre interesse genuíno pelos outros (de modo que seja evidente para eles, porque não adianta nada se não o perceberem). Ouça-os com entusiasmo e indague-lhes sobre seus interesses pessoais e profissionais. Se você conseguir estabelecer uma boa conexão com as outras pessoas, elas também ouvirão mais suas sugestões.

Embora demonstrar habilidade política seja mais fácil para alguns, trata-se de algo que pode ser aprendido. Quando você aproveita essa habilidade para objetivos pessoais e organizacionais de forma saudável, ela pode aumentar tanto o seu desempenho quanto o da empresa.
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Klaus J. Templer é professor associado de Psicologia Organizacional na Singapore University of Social Sciences.
TRANSIÇÕES

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Ao começar em um novo emprego, preste atenção a estes cinco aspectos da cultura empresarial

Ao entrar em uma empresa, você tem pouco tempo para se adaptar à sua cultura. É a antiga regra dos 90 dias. E conhecemos muitas pessoas talentosas que tropeçaram porque não possuíam bola de cristal para entender as regras culturais da nova empresa. Isso acontece porque a maioria das empresas não explica as regras culturais aos recém-chegados e os novos contratados estão tão concentrados no trabalho e no novo chefe que ignoram a influência profunda dessas regras. No entanto, compreendê-las desempenha um grande papel no seu sucesso inicial. Estar ciente não apenas do que seus colegas fazem, mas de como eles trabalham conta muito se você quiser ser eficaz e causar uma boa impressão.

Em nosso estudo, notamos cinco aspectos da cultura empresarial que requerem sua atenção. São estes os que têm o maior impacto na sua capacidade de ser bem-sucedido em um novo trabalho:

Relacionamentos

As empresas diferem na forma de cultivar relacionamentos, no valor que dão à colaboração e na quantidade de contato pessoal necessária para realizar o trabalho e tomar decisões importantes. Em algumas empresas, a única maneira de influenciar os outros é passar tempo com eles pessoalmente. Em outras, o e-mail, as mensagens de texto e a videoconferência são preferidos às reuniões presenciais. Ao entrar em uma nova empresa, pergunte aos colaboradores como você deve se relacionar com as pessoas. Por exemplo, você precisa passar tempo desenvolvendo um relacionamento com alguém antes de pedir sua ajuda ou contribuição para um projeto? Ou é possível fazer uma lista de pessoas para simplesmente enviar um e-mail pedindo ajuda ao precisar delas?

Observe onde e como seus colegas trabalham e tomam decisões. Passam muito tempo em reuniões ou costumam estar em suas mesas ou trabalhando em casa? As pessoas são amigáveis e estão dispostas a se encontrar com você? Ou elas parecem simpáticas, mas repetidamente cancelam reuniões? Você pode precisar de outras pessoas para ajudá-lo a fazer os contatos necessários.

Comunicações

Quando você inicia um novo emprego, observe como as pessoas costumam se comunicar. É por meio de canais formais, como reuniões sempre agendadas com antecedência e para as quais todos vêm bem preparados? Ou as pessoas se comunicam espontaneamente com pouca ou nenhuma documentação? (Talvez o seu gerente costume dar uma passada e dizer: “Você pode participar desta reunião agora?”.) Você deve começar perguntando ao seu chefe quais são as expectativas dele. Assistentes pessoais e seus colegas de equipe são outras boas fontes de informação.

A hierarquia geralmente determina quando e onde é aceitável se comunicar com os colegas com um cargo acima do seu. Por exemplo, em ambientes mais hierárquicos, você pode ter que informar de antemão ao seu chefe qualquer comunicação que você tenha que fazer a alguém em um cargo superior. Em organizações menos hierárquicas, as pessoas podem ser estimuladas a enviar e-mails a líderes de cargos mais elevados para conversar com eles. A melhor maneira de descobrir essas regras é perguntar aos outros. Seus colegas e subordinados diretos podem ser uma boa opção para informá-lo sobre como proceder com seu gerente e com outros em cargos mais elevados. Pergunte sobre iniciativas recentes bem-sucedidas e como os colegas influenciaram os líderes de cargos mais elevados em suas comunicações.

Também é válido observar como as informações costumam ser apresentadas. Por exemplo, as reuniões se dão por apresentações formais ou cada um pode compartilhar informalmente problemas, debater tópicos e participar de brainstorming em tempo real sem ser julgado? Algumas empresas e departamentos preferem apresentações de 50 páginas com uma infinidade de detalhes e análises, ao passo que outras preferem trabalhar a partir de uma simples programação enviada por e-mail com uma lista de tópicos em bullet points. Preste atenção a como a informação é geralmente preparada para as reuniões, até que ponto as questões são debatidas versus “ticadas” e com que cerimônia as pessoas se comportam diante de outras em posições de poder. Observe como os líderes em posições elevadas na sala respondem a plataformas formais e recomendações fortes, em vez de discussões informais. Qual estilo resulta efetivamente em uma decisão na reunião?

Tomada de decisão

A forma pela qual as empresas tomam decisões também varia significativamente. Algumas tomam decisões em tempo real em reuniões formais, enquanto outras tendem a concluir as decisões fora do escritório. Mesmo que reuniões formais sejam a norma, você pode dar-se conta de que as decisões reais acontecem na área do café, no corredor ou durante o almoço. Observe se as decisões tomadas nas reuniões são levadas a cabo. Se você vir pessoas concordando com algum conjunto de ações em uma reunião e perceber que coisas diferentes acontecem depois, isso sugere que há fortes mecanismos informais de tomada de decisão a serem desvendados. Por exemplo, a decisão de investir em um novo produto pode acabar nas mãos de duas pessoas essenciais, mesmo com uma equipe de liderança de alto escalão inteira analisando a decisão. É uma boa ideia se encontrar com esses dois líderes principais bem antes de qualquer reunião formal e convencê-los do seu ponto de vista. Ou talvez todos os presentes pareçam concordar em investir nesse produto, mas você perceba que vários indivíduos optaram por não expressar suas divergências em público por razões políticas. Você precisará voltar e influenciar cada um deles para garantir que eles não atrapalhem seu projeto.

Outro aspecto da tomada de decisão a ser compreendido é se a cultura de sua empresa tem um viés de ação ou um viés de análise e consenso. Em empresas onde o viés é de ação, tempo e capacidade de concentração costumam ser limitados e as decisões são tomadas rapidamente. Se for exigir uma iniciativa, precisa apresentar sua posição com clareza e fornecer aos principais interessados as informações necessárias para a tomada de decisão. Outras culturas empresariais preferem uma discussão mais prolongada de opções, modelos e estratégias. É necessário ter mais paciência, principalmente porque esse viés de consenso geralmente significa enviar mais materiais e análises de apoio e refazer a mesma apresentação várias vezes antes de chegar a uma decisão final. A pergunta que cabe aqui é: qual é o seu próprio viés de ação e como ele se encaixa em sua nova cultura?

Perspectivas individuais versus coletivas

Algumas empresas abordam o trabalho em grande parte como produto de indivíduos, enquanto outras acreditam que é o produto de uma orientação colaborativa. Se uma empresa é muito individualista em sua abordagem, geralmente apoiará uma “mentalidade de herói” que valoriza o indivíduo ambicioso. As recompensas geralmente se baseiam no indivíduo e a gestão do desempenho costuma ser baseada em avaliações individuais, em que a contribuição específica de todos é justificada para os colegas.

As empresas focadas no grupo fornecem algo mais próximo a uma rede de segurança na qual os riscos e recompensas são divididos, mas pode ser mais difícil destacar-se como indivíduo e diferenciar-se. Essas empresas costumam ser mais horizontais e mais focadas em objetivos e resultados em comum. Se você é altamente ambicioso e preza o reconhecimento individual, pode não conseguir o que necessita tão rapidamente em termos de progressão na carreira. Uma sugestão é atentar-se à forma pela qual as pessoas discutem seu trabalho nas reuniões. Se costumam falar sobre as realizações do grupo e você usa o “eu” em suas apresentações, você será rapidamente tachado como alguém que não sabe trabalhar em equipe. Mais uma vez, o importante é identificar como os indivíduos são reconhecidos e recompensados.

Agentes de mudança

Outro fator cultural que pode ter um profundo impacto no seu status e influência é a orientação da cultura para a mudança. A maioria dos lugares é resistente a pessoas de fora empenhadas em mudanças. Geralmente, porém, os líderes altamente talentosos vindos de fora são instruídos para “agitar as coisas”, para desafiar o status quo. Infelizmente, o que acontece com muitos desses indivíduos é que eles fracassam. Seja por terem interpretado mal os sinais culturais de quão disruptivos realmente deveriam ser (versus o que lhes foi dito) ou por não terem criado as relações de suporte necessárias para apoiá-los em decisões-chave – ou ambos. Por não terem recebido os conselhos de integração adequados, se houve algum, eles subestimam os limites culturais dentro dos quais têm que trabalhar. Portanto, o obstáculo para qualquer líder novato é descobrir o que pode desafiar e quando, dentro daquela cultura.

Rapidez e apoio também são fatores críticos. É preciso perguntar: posso ser um defensor da mudança altamente assertivo e célere, ou preciso investir primeiro no engajamento, no diálogo e na construção de consenso? Ninguém vai responder a estas perguntas para você – é você que precisa descobrir observando as reações às suas recomendações iniciais. Comece com algumas pessoas de confiança para testar suas ideias. Pergunte a eles como os outros podem reagir, antes de lançar sua grande ideia em um ambiente formal com líderes de cargos mais elevados. Saiba quais líderes o apoiam antes de propor grandes mudanças.

O principal, ao entrar em uma nova empresa, é ter em mente que suas conquistas anteriores não lhe permitem agir fora das normas da cultura em que você está agora inserido. A maioria das empresas o contratará por suas experiências anteriores, mas seu sucesso futuro será determinado pelo impacto que você tiver em seu novo ambiente e, dependendo de como você entende e trabalha adequadamente dentro de sua nova cultura, seu impacto pode ser amplificado ou inviabilizado.

Profissionais de Recolocação disponíveis

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Querem conhece-los? entre em contato!

Para aproveitar melhor seu tempo, monitore-o

Para aproveitar melhor seu tempo, monitore-o

É difícil saber se você está usando seu tempo de forma eficiente.

Mesmo se está sempre estressado e trabalhando duro, você tem certeza que está gastando seu tempo nas atividades certas? Para descobrir, tente um exercício de monitoramento de tempo.

Por 30 dias, use uma planilha para registrar como você passa seu tempo, fazendo atualizações a cada meia hora. Pode parecer trabalhoso, mas esse exercício pode render alguns insights surpreendentes. Por exemplo, talvez a sua meta seja ler mais e você esteja com dificuldade para encontrar tempo. Esse exercício talvez revele que você pode escutar audiobooks ou podcasts enquanto se exercita, cozinha ou vai ao trabalho.

Monitorar seu tempo também pode te mostrar que você tem tendência a perder horas específicas do dia (digamos, horas antes de dormir gastas mexendo nas redes sociais) e que algumas tarefas carregam um peso psicológico desproporcional (como gerenciar seu e-mail). Apenas monitorando seu tempo é que você consegue perceber se o está gastando com atividades que valem a pena.

Adaptado de “Track your time for 30 days, what you learn might surprise you”, por Dorie Clark.

A Laselva Soluções Organizacionais disponibiliza também diversos cursos e treinamentos para desenvolvimento pessoal. Entre em contato conosco clicando aqui!

Planos de escritório abertos são tão ruins quanto você pensou

Planos de escritório abertos são tão ruins quanto você pensou

Planos de escritório aberto deveriam levar as pessoas a interagir mais. Um estudo sugere que os trabalhadores descobriram novas maneiras de se evitarem mutuamente.

Um local de trabalho sem cubículos sem escritórios particulares deve obrigar os funcionários a colaborar. Para que eles falem mais cara a cara. Para tirá-los do mensageiro instantâneo e, espontaneamente, fazer um brainstorming sobre novas idéias.

Mas um estudo recente de dois pesquisadores oferece evidências para apoiar o que muitas pessoas que trabalham em escritórios abertos já sabem: não funciona dessa maneira. O barulho faz com que as pessoas coloquem fones de ouvido e desliguem. A falta de privacidade leva os outros a trabalhar em casa quando podem. E a sensação de estar em um aquário significa que muitos escolhem e-mails por meio de um bate-papo de recepção.

Em um local de trabalho aberto, o co-autor do estudo e professor da Harvard Business School, Ethan Bernstein, disse em uma entrevista recente: “Eu entro neste espaço, e vejo todos usando fones de ouvido olhando atentamente para uma tela tentando parecer ocupada porque todo mundo pode ver eles. ”O resultado pode ser que“ em vez de interromper as pessoas, eu enviarei um email ”.

Bernstein estudou duas empresas da Fortune 500 que fizeram a mudança para um ambiente de escritório aberto, de onde os trabalhadores tinham mais privacidade. Utilizando crachás e microfones eletrônicos “sociométricos”, bem como dados sobre e-mail e uso de mensagens instantâneas pelos funcionários, os pesquisadores descobriram no primeiro estudo que após a organização ter mudado para escritórios em plano aberto, os trabalhadores gastaram 73% menos tempo interações face a face. Enquanto isso, o uso de e-mail aumentou 67% e o uso de mensagens instantâneas aumentou 75%.

Os participantes usaram os crachás e microfones por várias semanas antes de o escritório ser redesenhado e por vários depois, e a empresa deu aos pesquisadores acesso às suas comunicações eletrônicas. Os resultados foram surpreendentes. “Ficamos surpresos com o grau em que encontramos o efeito que encontramos”, disse Bernstein.

Os emblemas usados ​​no pescoço dos participantes incluíam um sensor infravermelho, um sensor Bluetooth e um acelerômetro que, combinado com um microfone, poderiam dizer que duas pessoas tiveram uma interação cara-a-cara, disse Bernstein, sem gravar palavras faladas. Os pesquisadores tiveram o cuidado de garantir que outras variáveis ​​não estivessem em questão – o ciclo de negócios era semelhante, por exemplo, e o grupo de funcionários era o mesmo.

Em um segundo estudo, os pesquisadores analisaram as mudanças nas interações entre pares específicos de colegas, encontrando uma queda semelhante na comunicação face a face e um aumento menor, mas ainda significativo, na correspondência eletrônica (enviando um para o outro entre 22% e 50% mais) .

Há um “desejo humano natural por privacidade e, quando não temos privacidade, encontramos maneiras de alcançá-la”, disse Bernstein. “O que estava fazendo era criar um ambiente não mais face a face, mas um ambiente mais digital. Isso é irônico porque não é isso que as pessoas pretendem tentar ao criar espaços de escritório abertos. ”

Outra brecha em suas pesquisas, disse Bernstein, é que os trabalhadores não apenas mudam o modo de comunicação que usavam, mas também tendem a interagir com diferentes grupos de pessoas on-line do que pessoalmente. Mudar de um tipo de comunicação para outro pode não ser de todo ruim – “talvez o email seja apenas mais eficiente”, ele disse – mas se os gerentes querem que certas equipes de pessoas estejam interagindo, isso pode ser mais perdido do que imaginam. A mudança no espaço do escritório pode “ter efeitos profundos na produtividade e na qualidade do trabalho”.

Bernstein espera que a pesquisa ofereça evidências empíricas que ajudem os gerentes a considerar as possíveis compensações da mudança para um plano de escritório aberto. Ao buscar um custo menor por metro quadrado, eles acreditam na ideia de que isso também levará a mais colaboração, mesmo que não seja claro que isso seja verdade.

“Eu não culpo os arquitetos”, disse ele. “Mas acho que passamos mais tempo pensando em como projetar espaços de trabalho com base na perspectiva do observador” – o gerente – “em vez do observado”.

Fonte: Washington Post

Conheça a Carreira Assistida

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E-mail de despedida do trabalho: por que e como escrevê-lo?

E-mail de despedida do trabalho: por que e como escrevê-lo?

O e-mail de despedida serve para cultivar boas relações e manter seus contatos profissionais livre de conflitos.

Não importa se você está saindo de um trabalho exatamente da maneira que queria, se está saindo porque encontrou uma oportunidade melhor ou se acabou sendo demitido por alguma circunstância: é preciso encarar o fim desta etapa da sua vida com maturidade e cabeça erguida. E, por incrível que pareça, esse tipo de maturidade profissional implica em escrever um e-mail de despedida do trabalho.

Talvez pareça desnecessário ou pessoal demais, mas acredite: lidar bem com uma demissão pode ser importantíssimo no futuro. Em algumas áreas, são muito grandes as chances de encontrar novamente um antigo chefe ou os ex-colegas. Já imaginou, por exemplo, se a nova empresa em que você trabalhar realizar um evento no qual o pessoal do antigo trabalho aparece? Se você se despediu de maneira tensa, pode ser criada uma saia justa desnecessária.

Além disso, é preciso ter em mente que para acelerar a recolocação profissional você pode depender de recomendações profissionais, e você certamente não teria tanta coragem de pedir por uma recomendação para um chefe que nem mesmo recebeu um “tchau, obrigado”. Há, ainda, a possibilidade de você precisar voltar ao emprego anterior ou acabar reencontrando um antigo colega de trabalho em uma empresa diferente. Por isso, deixar as portas abertas é sempre o ideal.

Em resumo, o motivo de escrever e enviar um e-mail de despedida do trabalho é deixar claro que sua relação com aquelas pessoas não precisa ficar abalada — seja pela demissão em si ou por qualquer desentendimento que possa ter acontecido ao longo de sua trajetória na empresa. Este e-mail serve para cultivar boas relações e manter seus contatos profissionais livre de conflitos.

Como escrever um e-mail de despedida do trabalho?

O estilo do texto vai depender muito do local de trabalho e da segmentação interna. Se o ambiente de trabalho for descontraído, por exemplo, não há motivos para ser extremamente formal nesse momento. Nesses casos, você tem liberdade para falar da maneira que achar mais apropriada — utilizando até humor, se quiser. A situação é diferente em locais mais formais, que exigiriam um e-mail sério e que se restringe ao necessário.

Também é importante analisar para quem a mensagem será enviada. Se a empresa for grande, talvez não seja preciso que todos vejam a sua despedida, além dos colegas próximos e seus superiores diretos. Se for menor, entretanto, você pode tentar fazer um único e-mail que abranja sua relação com a maioria das pessoas. Dependendo de como os funcionários se dividem lá dentro, pode ser melhor fazer e-mails separados, inclusive para garantir que todos recebam a mensagem corretamente.

Dicas para escrever e-mail de despedida do trabalho

  • Sempre agradeça pela oportunidade oferecida e pela experiência adquirida;
  • Não coloque nada pessoal demais;
  • Não “lave roupa suja” e nem se dirija negativamente a qualquer um;
  • Se mencionar o novo emprego, cuidado para não enaltecê-lo a ponto de parecer que o emprego antigo era ruim;
  • Passe seus novos contatos, se desejar;
  • Seja objetivo, pois enrolação causa péssima impressão.
Felicidade no trabalho: as pesquisas que ignoramos

Felicidade no trabalho: as pesquisas que ignoramos

Ser feliz no trabalho é a chave para a produtividade?

Recentemente, participamos de workshops motivacionais em nossos locais de trabalho. Em ambos os eventos, pregava-se o evangelho da felicidade. Em um deles, um palestrante explicou que a felicidade pode nos tornar mais saudáveis, gentis e produtivos e aumentar ainda mais as chances de uma promoção.

O outro workshop exigia que fizéssemos uma dança esquisita que, supostamente, nos encheria de alegria. Um de nós acabou fugindo e se escondendo no banheiro mais próximo.

Desde o dia em que um grupo de cientistas decidiu acender e apagar as luzes da fábrica da Hawthorne, na década de 1920, estudiosos e executivos tornaram-se obcecados pelo aumento da produtividade do trabalhador. Em particular, a melhora da produtividade por meio da felicidade parece ter-se popularizado mais recentemente. As empresas gastam com coaches de felicidade, atividades de team building, dinâmicas de grupo, consultores medidores da alegria e CHOs (Chief Happiness Officers, diretores de departamento de felicidade; sim, é possível encontrá-los no Google). Essas funções e cargos podem parecer divertidos ou até bizarros, mas as empresas os têm levado a sério. E deveriam?

Ao fazer uma pesquisa mais aprofundada – como fizemos após o episódio da dança –, nota-se que ainda não está claro se incentivar a felicidade no trabalho é sempre uma boa ideia. É claro que certas evidências sugerem que o funcionário feliz está menos propenso a deixar seu emprego, tende a satisfazer melhor o cliente, é mais confiável e costuma vestir a camisa da empresa. Entretanto, outras descobertas indicam que algumas das ideias mais aclamadas sobre a importância da felicidade não passam de mitos.

Para começar, não sabemos ao certo o que é a felicidade ou como medi-la. Mensurá-la é tão difícil quanto determinar a temperatura da alma ou a cor exata do amor. Como mostra Darrin M. McMahon em seu elucidativo estudo Felicidade: uma história, desde o século 6 a.C, quando o rei Creso disse jocosamente que “aquele que vive não é feliz”, temos visto esse duvidoso conceito ser considerado uma aproximação de vários outros, como prazer, alegria, plenitude e contentamento. Como disse Samuel Johnson, a felicidade instantânea só é possível quando se está bêbado. Já para Jean-Jacques Rousseau, a felicidade era estar num barco sem rumo, sentindo-se um deus (o que não é exatamente a imagem que se tem de produtividade). Há, ainda, outras definições de felicidade que não são nem mais, nem menos plausíveis que as de Rousseau ou de Johnson.

E o simples fato de hoje existirem tecnologias mais avançadas não significa, de forma alguma, que estamos mais próximos de chegar a uma definição, como nos recorda Will Davies. Em seu novo livro The happiness industry, o autor conclui que, embora tenhamos desenvolvido técnicas mais avançadas para mensurar emoções e prever comportamentos, também adotamos noções cada vez mais simplistas sobre o que significa ser humano, quanto mais o que significa buscar felicidade. Por exemplo, um mapeamento cerebral com pontos luminosos pode parecer indicar algo concreto sobre um sentimento vago, quando, na verdade, não o faz.

Nem sempre a felicidade leva ao aumento da produtividade. Certa linha de pesquisa mostra resultados contraditórios sobre a relação entre felicidade – normalmente definida como “satisfação profissional” – e produtividade. Um estudo realizado em supermercados britânicos sugere, inclusive, uma correlação negativa entre satisfação profissional e produtividade empresarial: quanto mais infelizes estavam os funcionários, maior era o lucro. Certamente, há outros estudos que indicam o oposto, sustentando a existência de uma ligação entre conteúdo emocional e o trabalho e produtividade. Contudo, mesmo estes estudos, quando considerados em sua totalidade, demonstram uma correlação relativamente fraca.

A felicidade pode ser exaustiva. Buscar felicidade pode não ser totalmente eficaz, mas tampouco faz mal, certo? Errado. Desde o século 18, tem-se destacado como reivindicar felicidade traz um grande peso, um dever que nunca poderá ser perfeitamente cumprido. Aliás, focar na felicidade pode nos tornar menos felizes.

É o que confirma um recente estudo na área da psicologia. Pesquisadores pediram que os participantes assistissem a um vídeo que os deixaria felizes de uma forma geral, o de um famoso esqueitista ganhando uma medalha. Mas antes pediram que metade do grupo lesse uma declaração sobre a importância da felicidade. A outra metade não fez essa leitura. Para surpresa dos pesquisadores, aqueles que haviam lido o texto, na verdade, ficaram menos felizes depois de verem o vídeo. Basicamente, quando a felicidade se torna um dever, e este não é cumprido, as pessoas podem se sentir piores, o que é um grande problema nos tempos atuais, quando se sugere que a felicidade é uma obrigação moral. Como afirma o filósofo francês Pascal Bruckner, “a infelicidade não diz respeito apenas a ela mesma, mas, pior ainda, à incapacidade de ser feliz”.

Nem sempre ela ajuda a enfrentar o dia de trabalho. Quem trabalhou na linha de frente do atendimento ao cliente, como num call center ou num restaurante de fast food, sabe que ser alegre não é uma opção. É obrigatório. E, por mais cansativo que possa ser, faz certo sentido quando se está frente ao cliente.

Hoje, porém, a alegria também tem sido exigida de muitos funcionários que não lidam diretamente com o consumidor, o que pode trazer consequências inesperadas. Um estudo constatou que pessoas bem-humoradas tinham mais dificuldade de identificar mentiras e fraudes que as mal-humoradas. Outra pesquisa demonstrou que indivíduos irritados negociam melhor que os felizes. Parece, portanto, que ser feliz o tempo todo pode não ser bom em todos os aspectos profissionais, ou em trabalhos que exigem determinadas habilidades. Na prática, em alguns casos, a felicidade pode até piorar o desempenho.

Ela pode afetar a relação com o chefe. Quem acredita que a felicidade está no trabalho pode acabar confundindo o chefe com o cônjuge ou algum parente. Em estudo realizado em uma agência de comunicação, Susanne Ekmann verificou que quem buscava felicidade no trabalho, muitas vezes, tornava-se carente. As pessoas desejavam receber constante reconhecimento e afirmação de seus gestores. E, quando não obtinham a resposta esperada (quase sempre), sentiam-se negligenciadas e começavam a ter reações exageradas. Mesmo pequenos contratempos eram interpretados como prova clara de rejeição por parte do chefe. Portanto, sob vários aspectos, esperar que o chefe traga felicidade pode nos tornar emocionalmente vulneráveis.

Também pode prejudicar o relacionamento com amigos e família. No livro O amor nos tempos do capitalismo, Eva Illouz observou um estranho efeito colateral de se tentar ser mais afetivo no ambiente de trabalho: as pessoas começaram a encarar a vida pessoal como uma tarefa profissional. Os entrevistados enxergavam sua vida pessoal como aspectos que deveriam ser cuidadosamente administrados por meio de uma ampla gama de ferramentas e técnicas obtidas com a vida profissional. Como resultado, a vida no lar havia se tornado cada vez mais fria e calculada. Logo, não era à toa que muitos preferiam passar mais tempo no trabalho do que em casa.

Com isso, perder o emprego pode ser muito mais avassalador. Quem busca felicidade e sentido para a vida no ambiente de trabalho torna-se perigosamente dependente dele. Em outra pesquisa, Richard Sennett notou que os indivíduos que viam seu empregador como uma importante fonte de significado pessoal eram aqueles que ficavam mais arrasados quando eram demitidos. Junto com o emprego, não perdiam apenas o salário, mas também a promessa de felicidade. Sendo assim, quem enxerga no trabalho uma grande fonte de felicidade fica emocionalmente vulnerável na hora das mudanças, o que, em tempos de constantes reestruturações empresariais, pode ser perigoso.

A felicidade pode nos tornar egoístas. Ser feliz nos faz pessoas melhores, certo? Não exatamente, segundo um outro interessante estudo. Os participantes receberam bilhetes de loteria e deviam escolher quantos bilhetes dariam a outras pessoas e quantos queriam guardar para si. Os que estavam de bom humor ficaram com mais bilhetes no bolso. Portanto, pelo menos em certos contextos, ser feliz pode não significar ser mais generoso. Aliás, pode significar o contrário.

A felicidade também pode trazer solidão. Em outra pesquisa, após pedirem que os participantes fizessem um diário detalhado durante duas semanas, psicólogos descobriram que quem mais valorizava a felicidade também se sentia mais só. Ao que parece, dedicar-se demais à busca da felicidade pode ocasionar um sentimento de falta de ligação com as outras pessoas.

Então, por que, apesar das evidências, continuamos presos à crença de que a felicidade pode melhorar o trabalho? A resposta, segundo outra pesquisa, está nas aparências e na ideologia. Felicidade é um conceito conveniente que parece ótimo no papel (aparências). Mas também é uma ideia que ajuda a fugir de questões mais sérias no trabalho, como conflitos e políticas de escritório (ideologia).

Ao acreditarmos que funcionários felizes são melhores, podemos varrer um número maior de temas desagradáveis para debaixo do tapete, principalmente já que a felicidade é frequentemente vista como uma escolha. É um modo conveniente de lidar com atitudes negativas, pessoas desmancha-prazeres e insatisfeitas e outros aspectos indesejáveis da vida na empresa. Apelar para a felicidade, com toda sua ambiguidade, é uma forma excelente de se livrar de decisões controversas, como demissões. Como destaca Barbara Ehrenreich no livro Bright-sided, mensagens positivas sobre felicidade mostraram-se especialmente populares em tempos de crise e demissões em massa.

Com todos esses possíveis problemas, acreditamos que é o caso de repensarmos a expectativa de que o trabalho sempre deve trazer felicidade. Isso pode ser exaustivo, causar reações exageradas, tirar a importância da vida pessoal, aumentar a vulnerabilidade e nos tornar mais ingênuos, egoístas e solitários. Ainda mais estarrecedor é que buscar deliberadamente a felicidade pode acabar roubando até mesmo a alegria que sentimos com as coisas realmente boas da vida.

Na verdade, o trabalho, assim como todos os outros elementos da vida, pode nos fazer sentir as mais variadas emoções. Se você acha que o seu trabalho é deprimente e sem sentido, talvez ele realmente seja. Fingir que não é pode só piorar as coisas. Obviamente, a felicidade é algo maravilhoso, mas não pode ser criada pelo nosso simples desejo. E, talvez, quanto menos buscarmos ativamente a felicidade no trabalho, mais alegria possamos encontrar nele – uma alegria espontânea e prazerosa, e não artificial e opressora. E, ainda melhor, teremos mais sensatez para lidar com o trabalho. Para vê-lo como realmente é, e não como nós – executivos, funcionários ou mestres da dança motivacional – fingimos que é.

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